LOADING

Type to search

Share

Passei 10 dias no Vietnã em setembro de 2017. Foi pouco tempo para um país que surpreende com tanto para conhecer e aprender.  Cheguei por Ho Chi Minh, de onde fui conhecer os túneis de guerra de Cu Chi. Depois fui para Hoi An, cidade histórica no centro do país, seguindo então para Hanói – a capital – de onde fiz um passeio inesquecível para a baía de Halong Bay.

Neste post vou contar um pouco do que você precisa saber para planejar uma viagem para lá, e se encantar com o povo, a cultura e as belezas do Vietnã.

SOBRE O PAÍS

O Vietnã é um dos países do Sudeste Asiático, destino procurado pelas belezas naturais e cultura riquíssima de países como Tailândia, Indonésia e outros.

Seu território tem mais de 330 mil km2, que se prolonga das altas montanhas na fronteira com a China, às planícies úmidas do sul do país, passando por mais de três mil quilômetros de litoral. Ao leste, faz fronteira com Laos e Camboja.

A capital é Hanói, localizada no norte do país. Mas o Vietnã tem outra cidade muito importante: Ho Chi Minh, antiga capital, chamada de Saigon). Para entender, leia abaixo um resumo da interessante história do país.

HISTÓRIA

A maioria das pessoas conhece o país apenas pela famosa Guerra do Vietnã (1954-1975), mas a história do Vietnã é muito maior que isto, e cheia de lutas contra dominações estrangeiras.

Há mais de 2000 anos se formou o reino Nan Viet, que durante vários séculos esteve sobre o domínio da China, até conseguir sua libertação em 1428, depois de muitas lutas. Mas não demorou para chegar um novo dominador.

Em 1859, o Império Francês colonizou a região, alterando a cultura e política do país. Fortes características francesas podem ser vistas na arquitetura da então Saigon. A “invasão” francesa fortaleceu o sentimento nacionalista e, em 1927, foi criado o Partido Nacionalista que, em 1930, sob a liderança do revolucionário Ho Chi Minh, assume a ideologia comunista.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o país é então ocupado pelos japoneses. Após a derrota do Japão no fim da guerra em 1945, Ho Chi Minh proclama a República Democrática do Vietnã. Mas a tentativa francesa de recuperar a região desencadeia a primeira guerra da Indochina (1946-1954). Com a derrota dos franceses e a assinatura do Acordo de Genebra, que cria 2 países:

– A República Democrática do Vietnã (ou Vietnã do Norte), com capital em Hanói, liderada por Ho Chi Minh e apoio econômico e militar da URSSS e da China.

– A República do Vietnã (ou Vietnã do Sul), com capital em Saigon, sob o governo do imperador Bao Dai e com o apoio dos Estados Unidos.

Pelo acordo, em 1956 deveriam ser realizadas eleições em todo o Vietnã para efetuar sua reunificação, o que não aconteceu. O norte socialista, que contava com apoio da URSSS, queria reunificar o país, mas o sul capitalista, com influência americana que, em época de Guerra Fria, queria impedir o avanço do comunismo, depôs o imperador, proclamou república independente e se negou a realizar as eleições.

Ho Chi Minh

Resultado? Guerra civil entre norte e sul e o início da Guerra do Vietnã. Ou como os vietnamitas chamam: Guerra dos Estados Unidos contra o Vietnã.

Foram 20 anos de uma guerra brutal, com mais de 2 milhões de vietnamitas e 58 mil soldados americanos mortos, além da utilização do Agente Laranja (arma química) que destruiu plantações, florestas, e infectou milhões de pessoas, causando deformações em várias gerações.

Helicóptero americano pulverizando o Agente Laranja

Apesar do poderio bélico americano – foram usadas mais de 14,3 mil toneladas de bombas -, as técnicas de guerrilhas usadas pelos vietnamitas (como os túneis de Cu Chi ), armadilhas, além do clima e vegetação do local, tornaram a guerra um grande problema político para os EUA, que, após inúmeros protestos em todo o território americano e no exterior, em 1975 recuaram e deixaram o país.

Foto “símbolo” do horror da Guerra do Vietnã, que mostra a gartoa Kim Phúc, de 8 anos, fugindo de um ataque. O fotógrafo Nick Ult ganhou um prêmio Pulitrzer pela imagem.

Em 1976, o Vietnã foi oficialmente reunificado sob o regime comunista, aliado da URSS e da China, passando a se chamar República Socialista do Vietnã, e a cidade de Saigon passou a se chamar Ho Chi Minh.

A partir de 1986 começou a reabertura do Vietnã. Na década de 1990, houve o gradual abandono da economia centralizada e a inserção no mercado mundial. Em 1994, os EUA suspenderam o embargo econômico ao Vietnã, que durava desde o fim da guerra e em 1995 os 2 países restabeleceram relações diplomáticas. O país ainda é uma república socialista, com um único partido (Comunista), que comanda todos os órgãos do governo e políticos.

A desigualdade social, assim como a corrupção são dois grandes problemas nesse país que ainda não tem eleições diretas para presidente, mas que tem um povo que mesmo passando por tanto sofrimento sabe ser forte quando precisa, simpático sempre, e recebe maravilhosamente quem quer conhecer sua história e suas belezas.

COMO CHEGAR

Os voos do Brasil para o Vietnã sempre terão pelo menos uma escala. As principais companhias que operam para Hanói (HAN) ou Ho Chi Minh (Saigon) (SGN) são:

Dentro do país, você pode usar o sistema de OPEN BUS (sistema bem legal de ônibus super confortável para turistas, que você pode comprar uma passagem, descer e subir várias vezes durante um período e trajeto) ou nas principais companhias aéreas vietnamitas (usamos as duas e foi bem tranquilo):

  • Vietjet: Viajamos de Ho Chi Minh par Hoi An (aeroporto de Da Nang) – 1h15 de viagem – R$ 110
  • JetStar: Viajamos de Hoi An (aeroporto de Da Nang) para Hanói – 1h20 de viagem – R$ 160

Para se deslocar dentro das cidades, recomendamos usar o Uber, o aplicativo funciona corretamente e evita qualquer tipo de erro de comunicação ou cobrança errada.

#DicaVPM: cuidado com o trânsito nas grandes cidades. É simplesmente caótico. Acho que tem mais motos que habitantes no Vietnã, e elas estão por todos os lados: na rua, na calçada, não importa, em todas as direções.  Atravessar uma avenida é uma grande aventura. Inclusive um dos souvenirs característicos do Vietnã é uma brincadeira com esse caos:

VISTO

Brasileiros precisam de visto para entrar no Vietnã. Tem duas maneiras de pedir o visto:

NA EMBAIXADA DO VIETNÃ

O visto deve ser solicitado diretamente na Embaixada do Vietnã em Brasília (pode ser enviado pelo correio). O visto de turista pode ser pedido de três meses há um ano, e o valor varia conforme o tempo e se será para uma entrada no país ou várias entradas. Valores entre R$ 75 e R$ 560.

Todas as informações de valores, documentos e taxas, você encontra no Site da Embaixada.

VISTO NA CHEGADA

Se você chegar no Vietnã pelos aeroportos, há uma segunda alternativa para solicitação do visto. É a chamada carta de pré aprovação.  Com ela em mãos você consegue o visto ao desembarcar no país.

Há vários sites que fornecem o documento. Nós indicamos o Vietnam-eVisa.org. Você entra no site, fornece as informações sobre a viagem, paga a taxa com cartão de crédito ou PayPal, e recebe no seu e-mail a carta. Caso não seja “aprovado”, eles reembolsam.

Com o documento, no desembarque em um dos aeroportos onde o VISTO NA CHEGADA é concedido, você deverá pagar a “Stamp Fee”, uma taxa cobrada pelo carimbo do visto para o Vietnã em seu passaporte.

Os documentos que você deverá levar junto com a carta são:

  • Passaporte original (com validade mínima de6 meses);
  • Formulário impresso preenchido (enviado pelo site, ou que você pode preencher na hora);
  • 2 fotos 5×7 ou 4×6
  • O valor da Stamp Fee. O valor varia de acordo com o tempo do visto, mas deve ser pago em dólares e não aceitam cartões.

Feito isso, é só passar com seu visto pela imigração e curtir o país!

O QUE VISITAR

Listamos aqui os pontos onde estivemos. Há muito mais no Vietnã, mas para uma viagem de 10 dias como foi a nossa, estes acreditamos serem imperdíveis:

Hanói: Apesar do trânsito caótico, motos, buzinas insistentes, bancas de frutas e banquinhos que ocupam as estreitas calçadas onde o pessoal almoça a capital do país é a cara do Vietnã e merece uma visita de 1 ou 2 dias. As principais atrações são: o centrinho Old Quarter, Mercado Noturno, Lago Hoan Kien, Templo Ngoc Son e a Ponte Huc e a Prisão Hao Lo. É de Hanói que saem os passeios para Halong Bay.

Halong Bay: Talvez o lugar mais famoso do Vietnã, a baía com mais de 2000 ilhas de rocha calcária dos mais variados tamanhos e formas é um cenário majestoso com montanhas, prainhas e cavernas. Fica a quatro horas de carro de Hanói e a melhor maneira de conhecer é fazer uma das inúmeras opções de cruzeiros no local. O ideal é dedicar pelo menos 1 noite e 2 dias. Não deixe de passear de caiaque curtindo o por-do-sol único!

Hoi An: Um dos lugares mais fofos que você vai conhecer, a cidade foi um antigo porto comercial entre os séculos XVII e XIX, e conserva a herança japonesa e chinesa que a tornam única. Em 1 ou 2 dias você pode relaxar e conhecer os lindos templos, pagodas e casas antigas caminhando ou pedalando pelas ruas estreitas onde não passam carros. Tome uma cerveja na beira do rio que, se você der sorte, estará iluminado pelo festival de lanternas. Atrações imperdíveis: a Ponte Japonesa e a casa Phung Hung.

Ho Chi Minh: A antiga Saigon é a segunda maior cidade do Vietnã, a mais moderna e ocidentalizada. A influência da colonização francesa é bem clara nas construções. Dá para visitar os principais pontos turísticos a pés, e não recomendamos mais do que 2 dias (com um a mais para visitar os túneis de guerra em Cu Chi – leia abaixo). Principais atrações: Palácio da Reunificação Saigon, Catedral de Notre Dame, o Correio Central, Teh Opera House, Museu dos Vestígio da Guerra e Mercado Ben Thanh.

Cu Chi Tunnels: Um dos passeios que eu mais ansiava, e um dos mais impactantes também. Cuchi é um distrito que fica a 1h de Ho Chi Minh, dependendo do trânsito). Lá, em meio a uma floresta muito quente e úmida, é feita a visita ao extenso sistema de túneis utilizado na Guerra do Vietnã e considerado uma das principais estratégias da vitória vietnamita no confronto. No local, é possível conhecer ainda as armadilhas utilizadas pelos vietnamitas contra os adversários e, se quiser, atirar com armas da época. Impossível sair de lá indiferente.

IDIOMA

O vietnamita é um daqueles idiomas muito difíceis de entender. Mas o povo de lá se esforça para se fazer entender, falando inglês bem difícil de entender, é verdade, na maioria dos locais. Em algumas localidades ainda falam francês ou russo.

Mas a simpatia e a vontade de se comunicar supera a barreira do idioma.

MOEDA

A moeda local é o Vietnamese Dong (VND).

A cotação atual (julho de 2018) é:

1 real = 5.968 dongs

1 euro = 26.891 dongs

1 dólar = 23.050 dongs

Para não enlouquecer fazendo contas, a gente recomenda ter no celular o aplicativo Currency. Ele atualiza as cotações quando você estiver com rede (wi-fi ou dados) e você pode fazer conversões de várias moedas ao mesmo tempo.

As casas de câmbio aceitam dólar, euros, libras e algumas outras moedas. Tudo é bem barato no Vietnã, mas prepare-se para negociar sempre, pois normalmente eles te oferecem os valores mais caros.

QUANDO IR

Por ser um país tão extenso e estar na área das chamadas monções, o clima no Vietnã varia muito de acordo com a região. De maneira geral, a melhor época para a viagem é de novembro a abril, quando chove menos e as temperaturas são mais amenas. No entanto, vale dividir o país em três regiões para planejar seu roteiro de acordo com as variações climáticas:

Norte (Hanói, Halong Bay e montanhas): região onde as estações do ano são mais marcadas, tendo um inverno (dezembro a março) mais frio e seco, amenizando o calor da capital e podendo até nevar nas montanhas. O período com mais chuvas vai de junho a agosto.

#DicaVPM: março é uma boa época para aproveitar os cruzeiros em Halong Bay, ainda não sufocar em Hanói e poder subir as montanhas sem congelar.

Centro (Hué, Hoi An e Nha Trang): diferente do norte e do sul do país, as chuvas nesta região começam em agosto e se estendem até o fim do ano, havendo riscos inclusive de tufões. Já as temperaturas se assemelham ao norte, sendo mais amenas no inverno.

#DicaVPM:  fevereiro é um mês excelente para conhecer as montanhas em Dalat, não derreter na lindíssima Hoi An e já ter um calor para pegar praia e Nha Trang.

Sul (Ho Chi Minh, o Delta do Mekong e a ilha de Phu Quoc): é a região com a temperatura mais constante, sempre quente e úmida. Apesar de também ter um período de chuvas (maio a outubro), as precipitações nesta região não são tão intensas, parecendo mais aquela chuva de verão de final de dia, o que não chega a prejudicar o turismo; e até dá uma refrescada no calor intenso.

#DicaVPM: janeiro pode ser uma boa escolha para visitar o sul, com pouca chuva e temperatura alta não tão sufocante. E assim ainda dá para conciliar com as datas das outras regiões.

Para quem quiser saber mais sobre o clima, e já agradecendo aqui as informações do Carlos, clique no post completíssimo do blog Vida Cigana sobre o clima no Vietnã.

INTERNET

Na maioria dos locais tem wi-fi de boa qualidade.

Você também pode comprar um chip de internet local, no aeroporto ou fora dele. As duas principais operadoras de telefonia são a Viettel e a Vinaphone. Preço: um plano de internet pré-pago de 7 Gb, válido por 1 mês custa em torno de 70.000 dongs (cerca de R$ 12)

Se estiver usando um chip internacional, verifique antes a cobertura. Quando fomos, usamos o EasySim4U, e não cobria o Vietnã. Aliás, não recomendamos esse chip para nenhuma viagem. Mas isto é assunto para outro post. 😉

COMIDA

A comida vietnamita é conhecida por ser uma das mais saudáveis e saborosas do mundo! E é verdade. Em todos os lugares que comemos tivemos boas experiências.

A base da culinária vietnamita é obviamente o arroz: noodles de arroz, arroz no vapor, arroz frito, papel de arroz, você vai encontrar de tudo com o ingrediente. Mas ao contrário da vizinha Tailândia, a comida por lá não é apimentada. E é uma delícia! A maioria dos pratos é temperada com gengibre, capim-limão, menta e chili.

Prove todos os tipos de “rolinhos” feitos com papel de arroz. Se curtir cozinhar, recomendamos uma aula como fizemos no passeio em Halong Bay. E se delicie!

Tags:
Gabi Brunelli
Gabi Brunelli

Gaúcha que nasceu em São Paulo, mãe da Luiza, apaixonada por viagem, mergulho, fotografia e futebol. Descobriu que sofre de crises de abstinência se não tiver pelo menos dois roteiros já planejados. Nem que seja até a cidade ao lado. Publicitária de formação, curiosa por opção.

    1

You Might also Like

2 Comments

  1. Avatar
    ALINE KELLY DOS SANTOS 25 de agosto de 2018

    Olá! Adorei as dicas. Irei agora em setembro para Vietnã, Myanmar e Camboja, mas estou com receio das chuvas. Vi que foi em setembro, como foi a situação das chuvas?
    Obrigada
    Aline Kelly dos Santos

    Responder
    1. Gabi Brunelli
      Gabi Brunelli 25 de agosto de 2018

      Oi Aline! Não peguei muita chuva no Vietnã. Pelo contrário… peguei bastante sol. Mas como comentei no post, vai depender muito da região do Vietnã que você vai, pois o país varia bastante do norte ao sul. Também estive no Camboja e Tailândia em setembro, e mesmo a previsão sendo de chuvas, o que acontecia era aquela chuva de verão no final do dia, o que até aliviava o calorão. Acredito que você não tenha problemas e acho que o país vale a pena em qualquer clima! Qualquer dúvida não deixe de nos procurar! Beijos e boa viagem!

Leave a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *

%d blogueiros gostam disto: