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No mês de fevereiro desse ano, eu viajei de férias para a África do Sul, e decidi de fazer uma viagem com mais propósito: fazer o bem. 😉

Hoje em dia se fala tanto que para sermos mais felizes, precisamos ter um propósito em tudo o que fazemos. E pensei porque não fazer isso durante as minhas férias? Então decidi dedicar uma parte das minhas férias para fazer trabalho voluntário com crianças em uma comunidade de Cape Town. E foi uma experiência inesquecível e transformadora.

Nesse post vou contar como foi essa vivência e dar todas as dicas para você que como eu, quer viver e viajar com mais propósito. 😉

Trabalho voluntário na minha vida

Sempre tive vontade de fazer trabalho voluntário no exterior. Já tinha feito trabalho voluntário em algumas instituições durante a minha adolescência e em algumas empresas que trabalhei. Porém devido ao trabalho e estudos acabei despriorizando o voluntariado da minha vida. E quando decidi viajar de férias para a África do Sul, achei que era o momento de realizar esse meu sonho de fazer trabalho voluntário no exterior. Sonho? Sim, isso mesmo, sempre tive o sonho de viajar com o propósito de fazer o bem e ajudar de alguma forma a transformar o mundo.

A busca pelo trabalho voluntário

Comecei pesquisando nas mesmas agências de intercâmbio (STB, CI, World Study, Egali), que orcei o meu intercâmbio de inglês em Londres, que fiz em 2018. Os valores e os programas de voluntariado não variam muito de uma agência para a outra. O que muda muito é o atendimento e algumas atividades que estão inclusas no pacote.

Exchange do Bem

Eu queria achar alguma agência mais focada no voluntariado internacional, e encontrei na internet a Exchange do Bem. É uma agência especializada em intercâmbio social que conecta voluntários com diversos projetos sociais pelo mundo: África, Ásia e América Latina.

Como não conhecia a Exchange do Bem, fui pesquisar se a agência era séria e segura, então encontrei a história super inspiradora do Eduardo Mariano, que após fazer trabalho voluntário no Nepal, largou sua carreira, para abrir a Exchange do Bem. A agência além de ter como propósito fazer o bem, destina 10% do seu lucro para ações sociais no Brasil.

O atendimento foi rápido e eficiente, fiz tudo por e-mail e WhatsApp, e o Eduardo e a sua equipe esclareceram todas as minhas dúvidas, foi o melhor atendimento que tive de todas as agências que pesquisei.

Encontrando o projeto social

Eu pesquisei sobre os projetos disponíveis para fazer trabalho voluntário no site das agências de intercâmbio, elas trabalham basicamente com os mesmos projetos. Dá para escolher o país, a cidade, o público (crianças, idosos, animais), a causa (saúde, educação, empoderamento feminino, etc) e o tipo de atividade (aulas de inglês, yoga, futebol, recreação, marketing, medicina, odontologia entre outras profissões).

E depois entrei em contato com a agência para conhecer mais sobre os projetos que eu tinha interesse.

You 2 Africa

Escolhi trabalhar com recreação infantil em projetos da You 2 Africa em Cape Town, na África do Sul. A You 2 Africa, que é uma ONG, com diversos projetos na África do Sul, envolvendo animais, crianças, comunidades locais, meio ambiente e esportes. A organização já movimentou mais de 3 mil voluntários de diversos países em seus projetos e tem mais de 12 anos de história.

Segurança

Eu tinha medo de fazer o trabalho voluntário no exterior e de colocar a minha segurança em risco, porque afinal, estava indo para um país estranho, e não fazia ideia do que ia encontrar lá. E também tinha medo que a Exchange do Bem e a You 2 Africa, não fossem instituições sérias. Então pesquisei no Instagram a hashtag #exchangedobem e #you2africa e entrei em contato com mulheres brasileiras que já haviam feito trabalho voluntário lá. Conversei com elas para entender como era a organização da agência e do projeto social. E todas me falaram super bem da experiência e das instituições e então decidi fazer o trabalho voluntário.

Projeto Social

Eu escolhi participar do projeto Heart For Orphans Junior Noordhoek (Coração para órfãos Junior Noordhoek), que fica localizado Masiphumelele, a aproximadamente uns 40km de Cape Town.

Os projetos sociais são conduzidos por mulheres da comunidade, chamadas carinhosamente de Mamas, que abrem espaços nas suas casas para cuidar das crianças que chegam de áreas rurais e crianças refugiadas do Moçambique, Malawi, Zimbábue e Somália. Elas acolhem crianças que são HIV positivas, cujas famílias vivem na pobreza ou são crianças órfãs, que são cuidadas pela comunidade.

Em torno de 70% da comunidade Masiphumelele, são portadoras do vírus HIV.

E em 2017, a África do Sul tinha mais de 4,3 milhões de pessoas em tratamento para o HIV e 110.000 mortes relacionadas à AIDS. (Fonte: Unaids)

Rotina do projeto

No primeiro dia pela manhã, os voluntários acompanhados pelas Mamas, conhecem todos os projetos, que são as casas onde ficam as crianças de 0 a 7 anos. Em média ficam 2 voluntários por projeto, já que as casas são pequenas. E a tarde todos os voluntários se reúnem no Projeto Ubuntu, que atende em torno de 60 crianças, de 5 a 10 anos, no turno inverso à escola.

No restante dos dias, os voluntários ficam em um projeto pela manhã, ajudando as Mamas a cuidar, brincar e alimentar as crianças e a tarde todos se reúnem no Ubuntu, onde são organizadas atividades pelos voluntários, como hora do lanche, da dança, do artesanato, etc.

As crianças e as Mamas falam inglês e outras línguas africanas. O que para mim foi uma ótima oportunidade de praticar o inglês e aprender um pouco mais sobre a cultura africana.

Depois das atividades nos projetos, os voluntários estão livres para descansar na casa dos voluntários ou para sair e passear pela região. Eu normalmente aproveitava o tempo livre para explorar os lugares no em torno, conheci: Fish Hoek (vi um elefante marinho na beira da praia), Simon’s Town (peguei praia com muitos pinguins), Muizenberg Beach (a famosa praia de surfistas que tem umas das casinhas coloridas), Long Beach em Kommetjie (uma praia linda frequentada pelos locais), Cape Point Vineyards (uma vinícola no alto de uma colina, perfeita para ver o pôr do sol).

E a noite normalmente jantava na casa dos voluntários, pois a janta estava inclusa no pacote. As vezes os voluntários se organizavam para fazer uma janta diferente. Uma noite, por exemplo, comi um churrasco feito por uns voluntários alemães, na outra, o pessoal organizou a noite do Vatentine’s Day, com direito a decoração, música ao vivo e jantar à luz de velas, foi lindo. Além disso, as vezes os voluntários saem para jantar em algum restaurante ou bar da região.

Horário do trabalho voluntário

De segunda a quinta-feira, das 9h às 16h30. Sexta-feira, das 9h às 12h30.

O horário de almoço é das 12h30 às 14h, e cada dia o motorista da You 2 Africa leva os voluntários para almoçar em um lugar diferente. O custo do almoço é por conta do voluntário.

Casa dos voluntários

Fica localizada em Capri Village a uns 40 kms de Cape Town e a uns 10 min caminhando da comunidade onde são realizados os projetos sociais. A casa é enorme, bem estruturada, com wifi, piscina, varanda, quartos e banheiros coletivos. Tem uma decoração linda, meio mística, indiana. E a Candi, que é responsável pela casa, além de ser uma mulher super inspiradora, cuida dos voluntários como se fossem seus filhos, dando todo o suporte técnico e emocional.

A entrada na casa acontece nas quintas-feiras, para que os voluntários possam se ambientar e receber algumas orientações sobre os projetos sociais, a comunidade e a casa.

A África do Sul sofre com o racionamento de água e por isso existem campanhas de conscientização em todos os lugares. E como consequência disso, a casa tem algumas regras, como tomar banho apenas uma vez por dia com duração de 2 minutos, e a cabeça só pode ser lavada uma vez por semana. Além disso, todos os dias tinha queda de energia em alguns horários, mas nada que atrapalhasse a rotina da casa.

Segurança no projeto

Me senti super segura o tempo todo que estive lá, eles só recomendam que os voluntários não circulem sozinhos, sem as Mamas pela comunidade. E orientam a utilização do Uber para se deslocar a outros lugares, como supermercado, restaurantes, praias, etc.

Valores

A partir de US$ 990,00 por 2 semanas (tempo mínimo).

Serviços inclusos no pacote

Transporte para o aeroporto e o projeto, acomodação em uma casa com quarto e banheiro compartilhado, café da manhã e janta, walking tour pelo centro da cidade na primeira sexta-feira com orientação sobre a cultura sul africana, segurança, transporte e passeios turísticos, tour para o Cabo da Boa Esperança, no primeiro sábado, aulas de surf (2 horas), documentação e negociação com o projeto escolhido, assistência local durante o programa, doação para o projeto, eventos sociais com outros voluntários (despesas nos eventos é por conta do voluntário).

Orientações gerais

  • Pré-requisitos: inglês básico e ter mais de 18 anos.
  • Duração: de 2 a 24 semanas.
  • Dia de chegada: toda quinta-feira para ter três dias de orientação gratuita. O tempo de intercâmbio começa a contar na segunda-feira.
  • Visto: não é necessário visto para brasileiros que ficarão até 3 meses.
  • Vacina: é necessária vacina da febre Amarela com certificado internacional de vacinação emitido pela ANVISA.

Momentos que vão ficar na memória

O projeto que eu trabalhava pela manhã ficava no meio da favela, ao lado de um esgoto a céu aberto. A casa onde as crianças ficavam era um container de aproximadamente 20 metros quadrados, sem estrutura, com 25 crianças, de 0 a 7 anos. Todos os dias quando eu chegava, as crianças me chamavam ‘teacher, teacher’ e apontavam para as suas mochilas penduradas para elas comerem seus lanches. E tinha um menino que toda vez que ele abria a mochila, ele me mostrava ela vazia, era uma cena de cortar o coração. A Mama para não deixar ele sem comida, misturava uma farinha com água, ou leite quando tinha.

Experiência que transforma

Foi apenas uma semana das minhas férias que dediquei meu tempo para estar de corpo e alma com aquelas crianças, tão carentes de amor, carinho e atenção. Eu cheguei lá cheia de vontade de ajudar e achando que iria fazer algo para transformar a vida delas. Mas com certeza a pessoa que mais se transformou fui eu. Elas me ensinaram a amar, da forma mais pura que pode existir, sem interesse, julgamentos, preconceitos por raça ou classe social. Cada vez que eu ouvia ‘teacher’, via o sorriso delas, pensava: ‘Esse é meu propósito de vida, preciso fazer algo para melhorar a vida dessas crianças’ que apesar de todas as dificuldades, estão aqui rindo, brincando e ficam felizes apenas com um abraço.

Percebi, que não precisava ir até a África fazer o bem, que no Brasil, tem muitas outras crianças que precisam de ajuda, como aquelas da África, e que eu tinha que voltar e fazer mais pelo meu país e pelas crianças, afinal elas são o nosso futuro e como dizia Nelson Mandela (ex-presidente da África do Sul), “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.

Aproveitar a sua viagem de férias, para fazer trabalho voluntário no exterior, pode ser uma experiência transformadora, uma ótima oportunidade de se conectar com seu propósito de vida, além de conhecer um novo país, pontos turísticos, praticar inglês e vivenciar uma nova cultura e fazer o bem é claro.

Vai para o mundo fazer o bem e transformar o mundo!  😉

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Carol Risueño
Carol Risueño

Viaja sozinha com uma mochila nas costas, com a inquietação de descobrir pessoas, culturas e lugares diferentes. É curiosa, quer sempre saber o que tem do outro lado, adora o desconhecido e desafiar seus medos. Ama natureza, praia, cultura e uma boa aventura. Monet, pintor impressionista francês, é seu grande ídolo. Relações Públicas, gaúcha, pisciana. Acredita que viajar torna as pessoas melhores e mais felizes.

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